sexta-feira, 15 de junho de 2007

11. A Realização




















As Nuvens
(Ruth Salles)

CúmuloBem de manhã,
lá no horizonte,
eu me acumulo
formando um monte;
E subo e cresço
longe do chão,
tomando formas
na imensidão.
Quem é aquele
rei lá em cima,
com um coroa
que pinga... pinga...
E se desmancha
devagarinho
e já virou
um carneirinho?
E o rei, agora,
é um navio
com vela e tudo
no mar bravio
cheio de espumas
que vão e vêm.
Que sou agora?
O quê? Ou quem?
NimboA nuvem bojuda,
bem gorda e graúda,
que sobe e que cresce,
no céu escurece.
Está tão aguada
que fica pesada.
Por tudo ela avança,
se espalha e desmancha.
Que céu cor de chumbo!
Que escuro é o mundo!
Com raios ou sem,
é chuva que vem.
Menino ao relento
brincou que era vento,
e aquela garota
fingiu que era gota:
“zum-zum!” e “plim-plim!”,
vão eles assim.
- Prá dentro, depressa,
que a chuva começa!
É a mãe a chamar,
e os dois a pular.
Mas soa o trovão:
“Fujona!” “Fujão!”
E os dois vão entrando,
brincando e brigando.
É o sol que se acaba!
E a chuva desaba.
EstratoQuem me vê lá no horizonte
bem comprida?
Passo até por trás do monte
de corrida.
E me espicho bem bonita
no horizonte.
Formo faixa, formo fita,
formo ponte.
E, se o sol já vai chegando
ou partindo,
quantas cores vou pintando!
Oh, que lindo!
Cirro-Lá no alto, bem no alto,
uns novelinhos de lã
correm uns atrás dos outros
à tardinha ou de manhã.
E, de noite, até a lua
fez de conta que corria.
Eu olhei na minha rua,
e era assim que parecia.
O meu pai que são
cristais de gelo no céu.
Sei que lá correndo vão
parecendo um carrossel.
Minha mãe disse: “Menino,
olhe a chuva! Tome tento”
Olhe o ar como está fino!
Céu pedrento, chuva ou vento!”

Porque o Dente-de-Leão floresce duas vezes
(Elisabeth Klein)

Certa vez o Menino Jesus brincava sozinho num prado cheio de flores. E mais que com todas as flores, ele se divertia com as cabecinhas douradas do dente-de-Leão, que brilhavam como pequenos discos solares em meio ao verde do prado. Ele havia juntado um grande ramo de flores e folhas e as flores não murcharam nas suas mãos.
Enquanto o Menino Jesus estava sentado aí, brincando, vários animais da floresta foram atraídos pela sua presença, e se acercavam devagarinho, cheios de devoção e se deitavam num círculo em volta dele. O primeiro foi o veado, que sempre é o primeiro que percebe o que está acontecendo. Depois vieram os pássaros. Mas também não faltaram os animais selvagens, o urso, o lobo e a raposa. Os peixes do riacho esticaram suas cabeças para fora da água, e por último chegou o leão e deitou-se ao lado do Menino Jesus que ficou muito contente e lhe afagou a sua juba. Estava reunida uma verdadeira assembléia de animais. Estes, porém, mostravam-se diferentes do que eram em geral. Estavam mansos e pacíficos como os seus irmãos celestiais que estão no zodíaco celeste. Assim o leão descansava ao lado de um cordeirinho numa paz paradisíaca. E quando o leão ficou com fome, deu umas mordidas nas folhas do Dente-de-Leão, que antigamente tinham as beiradas arredondadas como as folhas da prímula. E para lembrar esse momento, as folhas do Dente-de-Leão permaneceram assim, e a planta recebeu o seu nome que tem. Podemos ver os dentes do leão claramente delineados na beira da folha.
E o Menino Jesus falou com os animais. Contou de seu lar celestial, e que Ele fora enviado pelo Pai para trazer a paz. “Eu quero levar o mundo do meu Pai, o mundo celestial, não somente para os homens. Eu também vim para trazer ajuda aos animais que servem aos homens.”
Aos peixes o Menino Jesus disse: “Vejam as gotas da água. Assim vocês pertencem ao mundo, como as gotas pertencem a todas as águas do mundo.”
E aos pássaros Ele disse: “Vocês é que sabem melhor do que ninguém que tudo na Terra é interligado. Pois vocês vêem nos seus altos vôos pelo ar que a terra é um grande globo suspenso.”
Um pequeno cordeiro que havia nascido há pouco tempo, começou a balir, enquanto o Menino Jesus falava, pois estava com sede. Os outros animais quiseram repreendê-lo por causa dos balidos. Mas o Menino Jesus disse: “A nova Terra da qual lhes falo, será cheia de fertilidade.” E para o Dente-de-Leão Ele disse: “Tenha leite para que o cordeirinho mate sua sede.” E das folhas da flor correu leite e alimentou o cordeiro. Era então um leite realmente bom. Dele restou ainda uma seiva branca que não se pode beber.
E os animais disseram: “Dê-nos um sinal nessa hora em que chegar a redenção da qual você nos falou, para que possamos acreditar no novo céu e na nova Terra." O Menino respondeu: "Eu lhes darei um sinal. Observem o belo Dente-de-Leão durante o ano todo.”
O Dente-de-Leão era, há muito tempo atrás, uma flor que como todas as outras dava fruto e murchava. E os animais viram como a flor murchava como fazia normalmente, e não sabiam o que ainda estava para acontecer depois que ela murchasse. Mas então aconteceu a maravilha. A flor que havia murchado foi preenchida mais uma vez com uma nova força de vida. Como que tecido por mãos invisíveis, um novo mundo se formou. Sobre a base da flor com as folhas murchas, estendeu-se um pequeno céu estrelado, que é uma maravilha quando observamos sua delicadeza e beleza. Essa segunda floração só é possível para o Dente-de-Leão, entre todas as flores da terra, porque ele devia ser, para os animais, um sinal do novo céu e da nova terra.
Alguns anos mais tarde, Jesus, João e a Virgem Maria foram até aquele prado, e Jesus lhes contou a conversa que tivera com os animais e lhes mostrou a pequena abóboda celeste da flor.
E o que foi que fez o menino João? Ele fez o mesmo que fazem todas as crianças quando encontram flores de soprar. Ele soprou nela. E as estrelinhas com as pequenas sementes subiram com leveza pelo ar e ficaram pairando por ali. Nesse instante, veio o vento e as levou embora consigo para longe, por sobre a montanha e o vale.
A Virgem Maria que também vira tudo, pensou em seu coração: “A força celeste que desceu à Terra com esta Criança, vai espalhar-se pelo mundo inteiro, por toda parte, para bem longe, tal como o vento sopra e consegue levar para longe as sementes do Dente-de-Leão.”

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