domingo, 28 de janeiro de 2007

1. O Chamado








O Segredo das Rosas
Georg Dreissig
No seu caminho a Belém, Maria e José tiveram que atravessar um bosque de árvores secas e duras, entre as quais cresciam arbustos de espinhos compridos e pontudos que rasgavam as roupas dos viajantes. O burrinho não conseguia se encolher como os humanos e sofria mais ainda com os espinhos entrando no seu pelo, segurando-o até o pobre não querer dar mais um passo adiante. Imploraram e brigaram com ele, mas o burrinho empacou e berrava I-Ó enquanto José tentava empurrá-lo com o seu bastão. José, então, começou a reclamar dos arbustos espinhudos que estavam dificultando tanto a viagem. Maria, a querida Mãe de Deus, pôs a mão no braço de José e disse:
- Querido José, não fiques tão bravo com estes arbustos! Que poderiam fazer além de dar espinhos nesta região tão seca? Se tivessem água suficiente, tenho certeza: fariam brotar rosas perfumadas para nós e a querida Criança.
E Maria elevou os olhos ao céu e pediu:
- Querido Deus, deixe Tua bondade descer à Terra em forma de orvalho que dá vida, para que esses pobres arbustos espinhentos possam transformar-se no que tanto desejam.
No mesmo instante, um orvalho suave caiu do céu sobre os arbustos, que sugaram, cheios de alegria, a água, e logo depois, todos os espinhos caíram. No seu lugar brotaram as mais lindas rosas; brilhavam em todas as cores e exalavam um perfume delicioso. Maria e José agradeceram pelo milagre. O burrinho ficou todo feliz, espichou o focinho naquele ar cheiroso e retomou o seu trote alegre.
Maria colheu um ramalhete e carregava-o nos braços debaixo de seu manto. As rosas continuavam vivas e conservavam seu delicioso aroma.
Ao passar perto de Jerusalém, viram três soldados romanos que vinham em sua direção gritando: - Abram alas para o exército romano!
O burrinho que saltitava inocentemente pelo caminho, levou um empurrão forte de um soldado e, assustado, deu um pulo para o lado. Maria e José foram para a beira da estrada, não querendo dar motivo para briga. Mas o mesmo soldado bruto, quando viu Maria tão humilde, com seu manto cobrindo as rosas, acercou-se dela e gritou:
- Eh, pombinha, que escondes aí? Deixe ver se não é algo útil para nós!
Mas mal esticara as mãos para agarrar as rosas, deu um berro e as retirou rapidamente. As mãos estavam arranhadas e sangravam.
- Mas o que carregas aí? - resmungou com raiva o soldado.
Maria abriu seu manto e mostrou o ramalhete: galhos cheios de espinhos! Antes que o soldado se recuperasse do seu assombro, seus camaradas se acercaram dele e um deles disse baixinho:
- Deixe estar, Varus. Não sabemos qual o sofrimento dessa mulher, para que se adorne com espinhos.
O outro, que já havia se arrependido de ter começado uma briga com pessoas tão pobres, seguiu silenciosamente os seus companheiros.
Maria olhou então para os espinhos. Deus e o seu orvalho misericordioso não haviam transformado os espinhos nas mais lindas rosas? Onde estavam as flores agora? Havia acabado tudo? José, percebendo sua tristeza, pôs a mão carinhosamente no seu braço e disse, querendo consolá-la:
- Agradeça por elas terem florescido tanto tempo para ti, Maria! E jogue fora esses galhos secos.
Mas Maria sacudiu a cabeça.
- Eu conheci o segredo das rosas. Como poderia agora deixá-las jogadas na beira do caminho?
E com muito cuidado envolveu os pobres galhos dentro do seu manto. No seu coração ressoavam ainda as palavras do soldado romano: “Não sabemos qual o sofrimento dessa mulher, para que se adorne com espinhos.”
Que as pessoas pensassem o que quisessem; esses espinhos já haviam florescido uma vez e ela não iria desprezá-los agora. De repente Maria voltou a sentir o perfume suave que as rosas haviam exalado por tanto tempo. Olhou para os seus braços debaixo do manto: os galhos floresciam novamente em todo o seu esplendor!
E essas rosas floresceram para Maria até o momento em que ela deu à luz a Criança Divina no estábulo em Belém.

Apresentação


As imagens deste Blog serão postadas gradativamente (num ritmo quinzenal a partir de fevereiro de 2007) perfazendo um ciclo de 12 Passos relacionados com um Céu Alquímico específico, começando em Câncer e passando sequencialmente por Gêmeos, Touro, Áries, Peixes, Aquário (fundo de Céu), Capricórnio, Sagitário, Escorpião, Libra, Virgem, encerrando o ciclo em Leão (Meio do Céu).


A proposta é contemplar as imagens e ler a estória relativa a cada Passo... Em seguida, cada um deverá produzir a sua própria imagem (poética ou visual) expressando sua vivência no tema proposto em cada um desses 12 Passos. Essas imagens (colagens/ pinturas/ desenhos/ poesias etc.) serão compartilhadas (à medida em que forem sendo feitas) no fotolog http://alquimiainterior.multiply.com/


Não é necessário o conhecimento da simbologia do Céu Alquímico. A leitura da estória, a contemplação das imagens e a produção compartilhada das imagens é o que realmente importa nesse processo artístico coletivo que está sendo proposto.


Desejo um bom trabalho a tod@s!


A participação está aberta a todos os interessados que tenha sido convidados direta ou indiretamente, mas será mediada pelos organizadores.